CINE DELAS [FLORIPA]

A violência de gênero atinge mulheres de todos os continentes e precisa ser encarada em sua raiz, que tem relação com as estruturas econômicas, as relações de poder, as tradições culturais e as organizações sociais. Nos últimos anos as temáticas sobre a violência de gênero passaram a fazer parte dos discursos cinematográficos, principalmente entre as obras de baixo orçamento. No dia 29 de junho (sexta-feira) o Cine Delas Floripa exibirá dois filmes que discutem a misoginia e o feminicídio. O curta “A Menina Só” DIREÇÃO: Cíntia Domit Bittar e o curta “Da Janela”, DIREÇÃO: Giovana Zimermann e Sebastião Braga.

 

 

 

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II Mostra Sesc de Cinema branCURA ganhou destaque em direção de arte

 

O curta-metragem branCURA  ganhou destaque em Direção de Arte na II Mostra Sesc de Cinema em 2018, o que me alegra muito como diretora e também como diretora de arte, função que  dividi com Policarpo Graciano.

A arte não está somente na construção estética, mas na  construção dramatúrgica também. A protagonista Aimèe ( Angélica Mahfuz), é uma artista visual, e, é através dos seu imaginário que o espectador entra em contato com o filme. São diversas as referências da História da Arte na construção do roteiro do filme, algumas intencionais (citações) e outras que foram surgindo, mesmo depois do roteiro escrito.

A cena em que Aimèe está diante do “quadro-armário”, que é uma reprodução da obra Composição com vermelho, amarelo e azul (1935-1942) de Piet Mondrian, é uma referência direta à fotografia Le Violon d’Ingres, de Man Ray. Com lápis e tinta, Man Ray transforma o corpo de Kiki (uma das primeiras mulheres verdadeiramente independente do início do século XX) em um objeto, um violino, isso porque o violino era também um hobby do pintor Ingres. A intenção foi trazer para discussão o papel das mulheres nas artes visuais, na condição de musa, que, ao mesmo tempo, se converte em um objeto.  Se tratamos no filme, sobre a violência contra a mulher, a arte precisava perpassar tudo isso. E se em algum momento, esse em que entregamos o enquadramento para o exotismo da mulher promovido na história da Arte por Man Ray. Em outro ele foi pensado pelos olhos de Frida Kahlo.  Henry Ford Hospital – La cama volando, inspirou, esteticamente, a cena do hospital. Para, então, olhar para o corpo da mulher de outras formas; entender que se trata de um corpo que sente, que sofre.

 

O título do filme é motivado pela ideia lacaniana de que a arte se constrói em torno do vazio (branco), o artista tem na criatividade uma forma de restabelecer seus laços com o mundo (CURA). ” Simultânea, porque é vazio não é posterior ao que é dito, como poderíamos crer ao pensar no silêncio que se segue a todo discurso ou nos espaços “brancos” que pontuam a fala”. (Anne Cauquelin, 2006) A arte começa onde o que não pode ser dito, pode ser mostrado e, até mesmo exibido. Então, o suspeito é olhado pela obra de arte, o que pode lhe provocar um efeito perturbador.

Giovana Zimermann

Para saber mais acesse: ARTIVISMO: OS TRÊS TEMPOS PARA O EMPODERAMENTO – REDISCO

“E, ao criar sua narrativa complexa, Giovana Zimermann, transcende experimentações e regras no movimento musical das imagens. “branCura” é um filme/sonho, ilustrado com imagens delicadas e poderosas…” Luiz Rosemberg Filho BranCura: Um Desabafo Poético

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FESTIVAL DE ESCULTURAS ITINERANTES MS

Sexta-feira 23 de março  será a abertura do “Festival de Esculturas Itinerantes”, que teve início no Rio de Janeiro pela iniciativa e curadoria de Paulo Branquinho, e eu tenho a alegria de fazer parte.

Será no Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul – MARCO.
Passei minha infância e parte da adolescência no Mato Grosso do Sul (final da infância em São Gabriel do Oeste e início da adolescência em Campo Grande). Foi um período muito importante na minha formação. Desfrutei do prazer de crescer em contato com a natureza exuberante do Pantanal Mato-Grossense, e com a dor de perder o meu pai de forma trágica. Só consegui elaborar a traumática experiência, vivida no “Grande Campo”, quinze anos depois. A resposta veio em forma de poesia que fez parte de uma exposição intitulada: “Linhas, cordas ou cordões umbilicais”( MIS Florianópolis -SC de 12 – 29 de agosto de 1999. Compartilho aqui.

“Escolhi a leveza
para falar da dor.
A liberdade
para falar das amarras que me seguem,
de um prenúncio nos postes
e muros de um Grande Campo.
Tão cedo você se foi!
Era primeiro de maio,
e a pá não me deixa esquecer.
Que ironia visual!
Eu só precisava três passos
para te acompanhar.
Tão cedo pinçado de mim!
Só precisava três passos
para te alcançar.
No cerrado, escolheu a coragem
para enfrentar as “sete covardias”.
E eu, a leveza,
para falar do peso da tua falta.
Após quinze anos escolho a beleza,
para falar do horror
que te levou…”

 

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“ARTIVISMO: OS TRÊS TEMPOS PARA O EMPODERAMENTO”

ARTIVISMO: OS TRÊS TEMPOS PARA O EMPODERAMENTO

Giovana Aparecida Zimermann

Resumo

Este texto faz um relato de minha experiência como roteirista e diretora de uma trilogia fílmica ficcional, realizada com a finalidade de discutir a violência de gênero. A trilogia, intitulada Os três tempos, remete aos três tempos mencionados por Jacques Lacan, quando se refere ao instante de ver, ao tempo para compreender e ao momento de concluir. O período de produção, finalização e difusão dos dois primeiros filmes (que vai de 2002 a 2017), coincide com um período de implantação de políticas públicas para mudar o quadro de violência de gênero no Brasil e que também ficou conhecido pela expressão “empoderamento”, uma terminologia do devir feminista contra o apagamento das lutas das mulheres e das minorias.

REDISCO – Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo. Além de assinar a foto da capa, participo com um artigo falando da minha experiência com os curtas: Da Janela e branCURA .

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branCURA , 2016

 

 

Whiteness  – not recommended for viewers younger than 12 years old

After suffering several violences in her childhood and adolescence, Aimèe (Angélica Mahfuz), despite her beauty, she always tries to not be noticed, sublimates to her sensuality, understanding it as a threat. She thought of taking her own life, but Louis (Johny Bruckhoff) stops her from doing that. She uses art against an obsessive neurosis and sees in hers creative process a possibility of filling the gap left by the trauma. 

Whiteness

 

branCURA – não recomendado para espectadores menores de 12 anos

Depois de sofrer várias violências n infância e adolescência, Aimèe (Angélica Mahfuz), apesar de sua beleza, tenta sempre não ser notada, sublima sua sensualidade, entendendo-a como uma ameaça. Ela pensou em tirar a própria vida, mas Louis (Johny Bruckhoff) a impede de fazer isso. Ela usa a arte contra uma neurose obsessiva e vê em seu processo criativo a possibilidade de preencher a lacuna deixada pelo trauma.

FICHA TÉCNICA

DIREÇÃO

Roteiro e direção: Giovana Zimermann

1º Ass. de Direção: Thais Aguiar

2° Ass. De Direção: Thais Alemany

ELENCO

Prod. Elenco: Elianne Carpes

Preparação de elenco: Elianne Carpes

Aimée: Angélica Mahfuz

Louis: Johny Fabricio Bruckhoff

Avó Julieta: Elianne Carpes

Angélica Mahfuz

Johny Fabricio Bruckhoff

Elianne Carpes

FOTOGRAFIA

Diretor de Fotografia: Roberto Santos (Tuta)

1º Assis. de Câmera: Cristina Kreuger (Kike)

2º Assis. de Câmera: Danilo Rossi

Câmera subjetiva: Johny Fabricio Bruckhoff

Still: Beta Iribarrem

Making off: Leandro Elsner

PRODUÇÃO

Direção de Produção: Marina Teixeira

Secretária Produção: Roberta Iribarrem

Platô: Leandro Dias

 

ARTE

Direção de Arte: Giovana Zimermann e Policarpo Graciano Pinto

Assistente de arte: Maria Fernanda Bin

Beleza: Kellen Kristine Silveira

Figurino : Singra Zimermann

 

ANIMAÇÃO

Desenho: Giovana Zimermann

Animação stop motion: Camila Kauling Rumpf

Pós produção: Moacir  Barros

 

FINALIZAÇAO

Editor:  Alan Porciuncula

Color Grading:  Alan Porciuncula

1º corte: Rodrigo Goes

DESIGNER DE SOM

Daniel Téo e  Marcelo Téo

TRILHA

Kamma No Noruega- Terra Sonora, Daniel Téo e Marcelo Téo

Operador Som: Paulo Achut Cicero

Voz off : Angélica Mahfuz

Voz off francês: Thais Alemany

ELÉTRICA

Chefe de Elétrica: Hercules Jerônimo Jesus

1º Assis. De Elétrica:  Carlos Lenine, Lenon Oliveira

 

MAQUINÁRIA

Chefe de Maquinaria: Claudio Reginatto

1º Assis. Maquinaria: Lenon Oliveira

filmebranCURA facebook

BranCura: Um Desabafo Poético – ensaio crítico de Luiz Rosemberg Filho

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A LÍNGUA, 2007 – MOBILIÁRIO URBANO

O primeiro mobiliário urbano que projetei foi a obra intitulada A Língua (2006), que, de certa forma, rompeu com o limite físico ao qual estavam confinadas todas as obras de arte (presas na edificação) , em virtude das determinações legais, o que pode ser  considerado como uma importante contribuição para o aprimoramento da lei que permanecia em vigor. Essa obra teve bastante repercussão: A Língua recebeu Menção Honrosa por representar os avanços pretendidos pela referida Lei no 2° Seminário de Arte pública  de Florianópolis, e no desenvolvimento do 16° Simpósio de Artes Plásticas “Experiências em Arte pública : Memória e Atualidade”, 2007 ocorrido em Porto Alegre-RS, José Francisco Alves assim se expressou: “Neste encontro, as estratégias de ‘invadir’ a cidade foram definidas como prioridade. A artista plástica Giovanna Zimermann consegue implantar sua primeira obra em uma praça, totalmente financiada pelo setor empresarial a partir da aplicação da lei dos 2%. Neste seminário, as proposições estratégicas foram desenhadas na busca de expandir o conceito de Arte Pública até então praticado” (ALVES, 2007, p. 29).

Pça. Vale do Sol Rua Itapiranga, Itacorubi Florianópolis – SC – Escultura instalada em: 2007

Localização: OBRA IN LOCO

Em sua Dissertação de Mestrado, Guilherme Freitas Grad, afirma: “Um exemplo notável de obra de arte que abriu um precedente na cidade trata-se da obra “A Língua”, da artista plástica Giovana Zimermann. Implantada no ano de 2006, (…) A obra, portanto, rompeu o limite físico ao qual estaria confinada e isto contribui com pelo menos um aprimoramento para a lei em vigor. (…) Sobre a obra de arte, ela consiste em um objeto escultórico que ocupa e se afirma no espaço, permitindo a apropriação de ambos (espaço e obra de arte) pelas pessoas. Além de esteticamente agradável ao olhar, sua forma remete a um objeto lúdico, reforçando a intenção da artista acerca da apropriação do mesmo. Desta maneira ela consegue não só prover um alívio visual, mas também busca a interação do público, chama-o para a obra de arte para que não só a veja, mas também a toque, sinta, se aproprie da mesma. Do ponto de vista urbanístico configura uma obra de arte que qualifica o local de inserção, dotando-o de um caráter e abrindo possibilidades para que se configure como um lugar de relações, de encontro, de trocas”. ler mais em: GRAD, Guilherme Freitas. Arte Pública e paisagem urbana de Florianópolis, SC, Brasil. Dissertação de Mestrado. Florianópolis: PGAU-CIDADE – UFSC, 2007.

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