"A Boca" transcende a categoria de banco escultórico, sendo um mobiliário urbano estrategicamente posicionado para transformar o espaço público no coração da cidade. Localizado em uma rua sem saída, diante de um edifício residencial, o projeto amplia a calçada, proporcionando um ambiente acolhedor para a comunidade.

A intervenção não se limita à funcionalidade; um projeto paisagístico embeleza a área com palmeiras imperiais, contribuindo para a expansão da área verde em uma região central carente desse elemento. Destaca-se a atenção à sombra projetada do objeto, incorporando a ideia de memória através da projeção de uma cadeira antiga.

"A Boca" desafia convenções estéticas, assumindo uma estética transgressora e irônica que, à distância, pode ser confundida com um estofado abandonado em área nobre da cidade. Sua liberdade de uso atrai diferentes públicos, desde vendedores ambulantes a transeuntes que desejam desfrutar do espaço.

A verdadeira essência da obra se revela na interação espontânea do público, especialmente das crianças, que associam o banco a uma boca, originando o título. Esta abordagem lúdica reforça a proposta da artista, transformando "A Boca" em mais que uma escultura urbana; é um convite aberto ao descanso, à convivência e à ocupação livre e criativa do espaço público. Através desta obra, Giovana Zimermann promove uma experiência única que vai além da função utilitária, inserindo-se no conceito de place-making, marcando a paisagem urbana de Florianópolis com uma expressão artística significativa.